O, QUE VAI E O, QUE FICA

O, QUE VAI E O, QUE FICA

A última pétala da rosa

cai finalmente

E o último ato se faz cena

As cortinas se fecham antes da hora

As lágrimas escorrem

As agitações destemperadas se acalmam

A carne está fria

Foi-se a última estrofe

Sem ar, o intérprete se cala

Os olhos escurecem

E os ouvidos só escutam o silêncio a badalar

Aos que ficam na platéia

Resta-lhes subir as escadas da saudade

mergulhadas em tristes lágrimas de vida finita

Estes são vítimas tanto quanto o intérprete

Agora sentados no desconfortável banco das lembranças permanentes

No morro, o dono da bala perdida

Não conhece o mal que fez, nem sabe que o fez

As portas do espetáculo se fecham

E ali jaz um filho, um pai

E ali,

Jaz.

Clebber Bianchi
Enviado por Clebber Bianchi em 14/01/2008
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