Cidade dos Sonhos - Um Poema


Aqui,
sepultados em pensamentos concretos
sob ácidas chuvas que envernizam as linhas de nossos horizontes,
onde a esperança é a morte
que nunca morre,
não falece nem no esquecimento ébrio de nossas alegrias...

Aqui estamos...
Sonhos feitos de tijolos
na cidade dos sonhos.

Aqui,
ao lado da menina que morreu dentro da menina,
vejo seus diários que choram na fragrância do mofo,
vazios, ermos, sem memórias,
aposentados como bonecas de pano...
Bonecas de pano...
Consumidos pelo fogo ardente de seus ventres concretos.
Ela não sabe o que é o amor!
Não sabe o que é: eu te amo!
E sua dor...
Como dor de índio que ecoa na selva estuprada
pela história distorcida na sapiência de sua lenda humana,
carece de plenitude; dor feita na superfície de rasa existência.

Aqui estamos...
Sonhos feitos de angústias,
na cidade dos sonhos.

Desprezados idílios, clássicos desencontros
uma ode à alegria ofendida no adeus
de nossas abençoadas ignorâncias.
Fingir, não ser, inverter-se, mentir:
nossos brinquedos favoritos.
E ouvindo a canção que nunca foi ofertada
ao amor que nunca chegou,
em meio a uma primavera sem flores...

Aqui estamos...
Sonhos feitos de neblinas azuis,
na cidade dos sonhos.




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Ronaldo Honorio
Enviado por Ronaldo Honorio em 18/01/2008
Reeditado em 21/11/2018
Código do texto: T822886
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