A Porta Branca do Paraíso

Duendes em volta do meu leito

O cheiro, que cheiro!

Perfumes que me deixam nostálgica

Cores do cavaleiro. Ai! Que cavaleiro

Veio aqui, nessa noite mágica.

Estrelas mortas caem do céu como lágrimas

E cada uma que despenca se explode, se destrói

Pelo desejo tão pedido que não foi realizado

E em lugar da esperança, um corrói

E um negro espaço cósmico de mim apoderado

O cheiro de água me lembra a tarde

O calor úmido gostoso e abraçado

As flores grisalhas de um tempo que não foi meu

O riso que não foi meu

Do rosto que não foi meu

Da alma que não foi minha

E nem foi a estátua afrodítica no aguardo de uma alma pobre.

Pobre alma, feita de carne podre

Carne fétida enlamaçada

Escorando pela parede deixando manchas estrábicas.

O piso branco ensangüentado em cada passo pisado

Feridas profundas entre os dedos pesados

Arrasto e escorrego nesse chão duro da mortualha

E com a língua lavo o solo amargo avermelhado

Não é da carne enlamaçada que o sangue escorre

Esse é o sangue da alma que chora e da alma que morre

Pelo amor não consumado.

Isabelle La Fleur
Enviado por Isabelle La Fleur em 24/01/2008
Reeditado em 29/08/2008
Código do texto: T830603
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