Janela...O corpo...

Eu vi pela janela

o corpo que passava pálido

na companhia de outros corpos

que diziam estar vivos

mais não estavam!

já permaneciam mortos

o arrepio da pele

me prendia no quarto

sozinha avistava o óbvio

o cheiro das rosas violetas

devoravam - me as narinas

que cenas presenciei

naquela manhã morta

o corpo passava lento

o porvir já morto

as deformidades humanas expostas

somos corpos vivos

vivendo numa cápsula morta

vi tudo da janela

a dor do lamento

o amor sem alento

vi toda uma história...de alegrias...dores...promiscuidade...beleza...álcool...

passarem pela janela

mas já se passava sem vida

um futuro de mentiras

não posso mais presenciar

tenho no presente a verdade do porvir

não me deixo enganar

tenho todos os corpos na mente

que passaram na minha janela

tenho tudo que passou guardado em minhas mãos

tenho minha vida

que vejo passar pela janela

com medo de não mais existir.