CINZAS...

CINZAS...

Escorreguei num azul

Um azul avermelhado

Azul tingido, fingido

A vida às vezes me sorri

tão amarelo, sem graça

É dificultoso tudo

Tudo tão assim, amarelo

O real soa fictício

Até a sombra cinza

apareceu nessa manhã

Os canários, também

amarelos, não estavam

mais lá, só pardais, cinzas

Eu via as folhas verdes balançarem,

mas os corvos, negros, rodeavam-me

matinalmente

O meu encontro comigo

afastava-se eu sei

(Sei sem saber, sabe?)

O vento, já sem cor

cortava o fio da meada

do meu novelo desbotado

que não mais aquecia

ao menos meu coração

E a vida escorria num fio d’água

Um fio só

No espelho,

um sorriso pálido

esboçou-me choro

Clebber Bianchi
Enviado por Clebber Bianchi em 15/02/2008
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