Vida este

Trinta anos relâmpago

Fugaz num só trajecto

Rumo incerto

Destino previsto

Mesmo com o sabor amargo da escolha

Duvida que me persegue entre duas estradas

Pedras cortantes, risos estridentes

Anjos e diabos sentados na mesma mesa

Aliciando ora avisando

Destemidos do nosso mundo

Corroendo as nossas conversas

Sugando e rindo das lágrimas

Desconversando as nossas dores…

Ah! Sub mundo da ignorância

Crosta terrestre com cheiro a terra molhada

Folhas caídas que nos descaem da alma

Ventos e tempestades agrestes além-mar.

Ah! Divas dos oceanos

Tágides do Tejo, ninfas cruéis,

Sereias dos nossos sonhos infantis

Barcos piratas que nos roubam o coração

Males e bens que nós próprios fazemos.

Caminho de mãos dadas ao vazio

Confiando-me aos cheiros e às essências,

A sós com a solidão

Monstro esse que nunca me deixa a sós

Molesta, importuna até me revirar do avesso.

Ah! Vida esta que me acorda

Me desperta

Me entrega aos veios do coração

Entre anjos e diabos permaneço a alma

Aconchego

E ainda me acredito.

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 16/12/2005
Código do texto: T86792