Vida este
Trinta anos relâmpago
Fugaz num só trajecto
Rumo incerto
Destino previsto
Mesmo com o sabor amargo da escolha
Duvida que me persegue entre duas estradas
Pedras cortantes, risos estridentes
Anjos e diabos sentados na mesma mesa
Aliciando ora avisando
Destemidos do nosso mundo
Corroendo as nossas conversas
Sugando e rindo das lágrimas
Desconversando as nossas dores…
Ah! Sub mundo da ignorância
Crosta terrestre com cheiro a terra molhada
Folhas caídas que nos descaem da alma
Ventos e tempestades agrestes além-mar.
Ah! Divas dos oceanos
Tágides do Tejo, ninfas cruéis,
Sereias dos nossos sonhos infantis
Barcos piratas que nos roubam o coração
Males e bens que nós próprios fazemos.
Caminho de mãos dadas ao vazio
Confiando-me aos cheiros e às essências,
A sós com a solidão
Monstro esse que nunca me deixa a sós
Molesta, importuna até me revirar do avesso.
Ah! Vida esta que me acorda
Me desperta
Me entrega aos veios do coração
Entre anjos e diabos permaneço a alma
Aconchego
E ainda me acredito.