APAGADOR DE SONHOS

Teu sorriso era para mim a luz que atrai a mariposa.

Eu não media conseqüência.

Me entregava inteira ao teu charme irresistível.

Foi terrível.

Veio um apagador gigantesco.

Grotesco.

Impiedoso.

Aconteceu algo horroroso.

Tudo foi se esvaecendo.

Vi o amor morrendo.

Delirante à beira de um rio pútrido eu despenquei.

Chorei.

Lágrimas se misturaram às podres águas.

Tudo era desolação quando alguém me ofereceu a mão.

Sofregamente estendi a minha.

Eu delirava sim.

E ele dizia assim:

Vem para mim.

És tão bela. A vida segue.

És tão forte e vais vencer a morte.

Do apagador de sonhos ficou a lembrança que aos poucos se esvai.

Do anjo redentor ficou a mais doce das lembranças.

Do meu coração não sai.

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 26/02/2008
Reeditado em 13/04/2011
Código do texto: T877018
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