A Rosa Azul, caída ao asfalto

Até que a chuva passe

Deixarei que os pingos dessa chuva

Encharquem as pétalas azuis

Da rosa azul que já sofreu

E agora, caída ao asfalto

Recebe as gotas geladas

E o furor do vento.

Desprotegida, vulnerável a quaisquer pisadas

A rosa azul não tem boca para reclamar

Nem pode pedir por socorro.

Sua beleza está reprimida,

Só pode se abrir no jardim

Jardim este que fora seu há muito tempo

Talvez nem exista mais...

Até que a chuva passe

Sei que o sol voltará a brilhar

E que o arco de cores o céu novamente colorirá

E que o orvalho em cada flor pousará.

Mas o que esta flor bela quer mesmo

É ser salva pelo seu amor

Quer sentir suas mãos a tirar-lhe do chão

Plantá-la novamente, admirá-la...

A flor continua caída ao asfalto

Ninguém a percebe

Todos passam por ela, indiferentes

Crentes, de que é apenas mais uma

Das rosas que de seus jardins já foram arrancadas...

Talipaula
Enviado por Talipaula em 27/02/2008
Reeditado em 27/02/2008
Código do texto: T878051