COM O CORAÇÃO FERIDO

Solitária manhã;
Cai uma chuva fina – torta,
A alma estirada no divã,
Tece filosofias vãs,
Enquanto o vento lento,
Penetra pelo vão da porta...
?
Por que amar,
Valorizar tanto,
Um ser ausente,
Por que escorrer o pranto,
Incontidamente,
Regar a semente da dor,
Por que compor esperanças,
Desembaraçar as tranças do pensar,
E desejar, mesmo com o coração ferido,
Que o amor tão querido,
Volte – e ocupe o seu lugar?
...
Solitária manhã;
Chuva que continua a cair...
A alma quase cristã,
Desiste de redargüir;
Entristecida,
Põe-se a lamentar;
Sozinha é incapaz de recuperar,
A dimensão perdida.