Embaraços II

Após tantos embaraços,

Saio perdido pela noite

Como quem busca sentido

Para um singelo amanhecer;

Sinto que existe algo mais,

Sensações perdidas que ainda posso alcançar

Mas sinto medo do caminho para trilhar

E certas vezes, fico estático

Como quem assiste a derrocada de sua tropa

No meio do campo de batalha.

Essa mesma sensação de impotência

Diante do maior inimigo

Me assola agora,

Quando te encontro na surpresa tarde

Sem sol nem ilusões.

Perdi o chão, o ar e o sabor;

Fiquei sorrindo por dentro

De tanto me remoer sem reações.

Embaraços.

Somos um pouco dessas sensações

E assistimos de camarote nossa força

Porque digam o que disserem,

Somos muito fortes juntos

E justamente isso faz com que

A cada segundo valioso que nos ultrapassa

Percebamos mais e mais nossos valores.

Juntos, podemos derrubar o universo;

Moldar nosso próprio sorriso,

Como vastas plantações de girassóis

Extendendo-se além de nosso horizonte visível.

Estamos em quadros emoldurados

Expostos em paredes opostas,

Pela ironia do destino;

Vencemos o inverno intenso

E agora, nos resta acreditar num futuro maltrapilho

Que poderá vir em flores ou lâminas

Em nome de uma expectativa em brumas

Que nossos corações se puseram a acreditar.

Meu silêncio de agora

Não representa minha recuada

Mas a minha imparcialidade;

Não sou imparcial, pois todos sabem o que sonho e desejo.

Estou apenas tentando ser justo

Com uma história que já existia

Bem antes da minha chegada.