Pássaro Algoz

Ainda que nesse cárcere,

Ouço a bela voz do pássaro

Que não canta

Quem impedirá tamanha dor

De se encantar com algo tão lindo?

Quantos poetas

Não estão, como esse pássaro,

Cobertos pela música da vida?

É triste, dor

Ver como tu sofres sozinha

E se ao menos pudesse ouvir

E se ao menos pudesse sentir...

Ó pássaro algoz!

Que ouve com tuas cordas vocais,

Que estão tão presas na perplexidade?

Não entendes tu que esta é comum?

Viver é estar perplexo

Pela descontinuidade contínua do mundo

Que ainda que mude

Em sua essência é assim:

Tão encantador

E tão cego.

Diego Guimarães Camargo
Enviado por Diego Guimarães Camargo em 21/03/2008
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