Gado

Vamos seguindo

Cabeça baixa

Gado, esperando a marca

Que nos dê um dono

De quem não vamos gostar

À vezes, só às vezes

Há revolta

Queremos deixar o pasto

E tomar as ruas

E exigir respeito

Mas lembramos da necessidade

Mais imbecil que nos move

E ficamos na mesma

Para podermos comer

E, mais e mais nos humilhamos

Na engorda

À espera do corte

Que nos livre do jugo de não sermos nada

O tempo passa

E sempre nos encontra com medo

Ódio e indiferença se confundem

Ante a passividade de sermos números

Envelhecemos sorrindo amarelo

E morremos todos iguais

E, nem as marcas nos lombos

Podem mais nos separar