†PANDEMÔNIO†
Chora o céu insistentemente,
E afoga nossa tênue esperança,
Chagas caem sobre nossas miseras cabeças,
Morrem velhos, adultos, crianças.
O sublime castigo divino aceitamos humildemente,
Os pecados de toda uma nação abrem nossas feridas,
A terra, em revolta cospe enfermidades em nossa gente,
Onde estão nossos eleitos quando mais se precisa?
Flutuamos agora sobre águas porcas, fétidas,
Putrefatos corpos de animais misturam-se com os de nossos filhos,
Toda uma vida construída durante longas décadas,
Destruídas em segundos, esvaindo pelo esgoto imundo.
Gritos desesperados confundem-se com lamurias,
Dores regurgitadas, desacreditados lamentos,
Insuportável realidade, inesgotáveis desmaios,
Digestão lenta, crua, insossa.
Ewerton Lages