Oração a Hlín

Quem pisar no assoalho

Através das minhas portas

Com andar de quebrar galhos

No chão encontrarão mortas

As lágrimas derramadas

Por olhos secos e falhos

Ambas mãos tão gordurentas

Tolas. Força fria e pálida.

Tão amargas e nojentas,

Falsa impressão doce e cálida.

Faces vultas macilentas,

Lábios murchos língua árida.

Na aurora sempre bebo

Do mais puro e nobre vinho.

No crepúsculo o medo

Do incógnito vizinho

O fantasma que com o dedo

Mi’alma rouba de pouquinho.

E aqui permaneço indene,

Pr’aquele próximo, esperando,

De alma grande e solene

Que em seus braços carregando

Minha lágrima perene

Para os céus irá levando.

E no inferno permaneço

No chão frio do assoalho

Que adormeço, que mereço!

Que explodindo entre galhos.

Desta vida do avesso

De olhos secos e falhos.

Isabelle La Fleur
Enviado por Isabelle La Fleur em 23/04/2008
Código do texto: T957992
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