AINDA VEJO ROSAS

Desnorteado

Pelas fraquezas que a vida me mostra,

Na mandinga que eu não acredito,

O cristo ressuscitado

Que partiu sem retornar,

Finei a adoração ao santo

No comércio do altar...

Tanta hipocrisia que

A tonta filosofia,

Tenta em vão explicar vertendo graduada tolice.

Sou partícula diminuta, desconectada,

Errante, sem entender

O porque de tantas guerras.

O mundo tomba sonado

E m busca do poder.

Nada peço, tampouco

Desejo curvar-me ao lamaçal.

Apenas desejo ser,

Existir sem subtrair auras.

Um amor que partiu,

Outro que chegou incomodando.

Processo o instante

Para deparar-me com a realidade.

Abandonei crenças duvidosas

Calcadas na ganância,

Acreditar no abstrato é abraçar o vazio.

No imbróglio da alegria,

Desmereci o sorriso.

Já vi meus lábios arroxeados

Pela dita(dura),

Da experiência herdada pela truculência,

Pintei na tela da vida

Minhas feições disformes,

Pinceladas por agressões postadas

Na sombra do pranto.

As ingerências dos mandatários sucumbiram ideais,

Espelhos quebrados,

Desenhos opacos e lúgubres.

Numa estática lagrima,

O solitário sorriso glacial

Que estancou o pranto

Na retina gelatinosa.

Sinto-me absorvido pela imposição

Do reacionarismo

Que aos pouco vai minando e mumificando a eloqüência.

Em dose diária,

A pílula do conformismo me estatiza.

Embora pareçam cálidas e esmorecidas, ainda vejo rosas.

No inconformismo, enlacei o cálice do meu desespero.

Entornei o copo da amargura e

Brindei a derrota,

Onde o fel do meu dissabor

Gerou secreção venenosa.

Degustei a infelicidade do momento

E ofereci rosas.

Vi minha alma ausentar-se

Em sinal de protesto.

A névoa da sofreguidão

cobriu-me de tristeza.

A mortalha do abandono

Selou a forçosa aquiescência.

O apocalipse sorriu, o infernou aplaudiu, o céu feneceu.

Absorto, não esbocei aflição,

Tampouco desejei perdão.

Na vertente da sabedoria que regia todos os engodos,

O câncer da malfadada existência

Havia sido extirpado.

Avistei a decomposição paisagística

Na flor da roseira.

Em minha imputada esqualidez,

Ainda vejo rosas...

Que se digladiam

Com seus espinhos em riste.

Todas buscam o poder

Na mais poderosa fragrância.

Rosas tetraplégicas, viciadas,

Sem perfume; desbotadas!