Paredes, rascunhos e silêncio

Fico sem coragem…Estática!

Fico parada, fria, um pouco trémula,

Reflicto o momento certo na hora errada,

Os medos do coração à alma

Da alma ao corpo.

Fico sem coragem

Surto que me desvanece

Doença que percorre os dedos

Me esgana o grito

A vida…

Nem o girar do planeta

A voz de um mundo melhor

As crenças e preces mudam o meu olhar.

Nem a mudança de ares, de ano, de silêncios desesperados

Me deram voz ao coração.

Estou ainda muda,

Corroída sobre veios enormes de solidão

Entre paredes escritas com os meus rascunhos

Momentos de loucura

Insanidade quase perfeita

Simbiose.

Entre eu e a tua sombra

Resta isto

Medo de quando tu não estás

Medo da mudança que o vento lá fora não me trás

Doenças que atravessam janelas

Suspiros e espirros de seres que habitam em mim.

Fico por isso sem coragem

Coragem de roubar os meus escritos das paredes

Atirá-las a papeis e vê-la em si vazia

Sem a tua sombra

Sem almas

Tão fria quanto eu

Quando assim me sinto só.

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 11/01/2006
Código do texto: T97539