Breu de luz

Fecho os olhos e busco o breu

A escuridão me acalanta,me acalma ,me traz paz

Porque se em parte sou afoito e me assanho

Noutra parte melancoliso o eterno sonho que é viver

Abro os alhos e me desprendo como se tivesse nascendo... A claridade me amedronta, me apavora, me espanta

Pois, se de um lado de mim brilha a luz do sol nascente

Do outro lado traz nos olhos o vermelho de um incessante crepúsculo

Solto a fala em sussurros... Não há forças para cantar

Falo assim de mim pra mim porque metade de mim guardei segredo e outra metade nunca existiu

Agora canto um desafino como fazem os meninos

Na cantiga, amo alguém e chego a ter saudade

Me emociono porque um pouco de mim tem paixão

O outro pouco guarda ainda o semblante de menino

De repente faz-se pranto

Conter até que tento, mas sou impotente para fazê-lo

Rolando sobre a face vai-se escorrendo minha emoção

Por que se há em mim uma porção árida, infrutífera

Outra porção teima na insistência de sugar ,a qualquer custo um meio de florescer

Calo a voz e estanco o pranto num esforço, num repente

É preciso dar conta

É necessário que se consiga

Porque se por um tempo não for nada mais que um simples vulto

Noutro tempo serei tudo

Uma imagem querida e esperada por ser a razão de viver de alguém...

tilo
Enviado por tilo em 05/05/2008
Código do texto: T976456