LICENÇA VIDA, PRECISO SONHAR
Nesta noite, peço licença ao mundo rude
Para divagar por aí, ao menos nesta noite
Abrir meu coração aos ventos distantes
Que sopram de outras dimensões!
Peço licença para que meus olhos vejam o mar
Acompanhar o curvar das ondas dançado na brisa
Olhar tudo com os olhos juvenis de quem espera
O nascer do dia, a brotando nas alvas manhãs
Licença para pasmar-me, entontecer-me
Com a grandeza de tudo que é vasto e oceânico
Estes elementos tão naturais e misteriosos
Cuja inquietação balança no meu peito
Onde tudo é caminho e passagem!
Licença às realidades que me cercam, tão duras,
Para abrir minha alma às paixões de todo tipo
Pois tudo que precisa ser amado, deve ser amado
Com alma, ardor e juventude!
Licença à primavera, para entrar timidamente,
No seu reino lúdico e doce e dizer a ela,
Que a apesar da frieza do mundo,
(Onde é sempre inverno)
Que eu a sinto pulsando, nas paredes do coração
Peço licença para olhar para todas as flores
Na fineza e plenitude de suas belezas
No caudal das emoções de que são portadoras
Pois sei, serem elas, bem mais que posso ver
Peço licença à vida para ficar espiando-a
Atrás dos óculos da estupidez absoluta
Deste mundo materialista, que tanto me intimida
Dizer que gostaria de compreende-lo, quiçá amá-lo
Peço licença hoje para que estas mãos,
Que de forma incansável e brutal
Escavam a rocha da vida,
Na luta ferrenha da existência
Para que não me embruteçam demais
E possam afagar o rosto de quem amo
Porque sei que a ternura é necessária!
Peço licença para que meus desejos saiam por aí
Atrás das palavras, dos sorrisos, das canções, das pessoas
Onde quer que possa achar matéria que se possa fundir
Com os meus sentimentos que ainda trago ainda comigo
Peço licença ao tempo, este capitão inexorável,
Para que me permita a procurar pelo amor
Porque nas estrelas, estão os nossos sonhos
E há muitas delas suspensas no ar!
Porque o amor não é um lago solitário,
Mas um rio, que precisa desaguar em algum lugar
Que sejamos afluentes uns dos outros
Antes que o abismo do silêncio,
Cubra nossos olhos com o pó da inexistência!