Não direi seu nome!...

Depois dessa vida errante, na busca de nada,

De sonhos e enganos, de vaidades febris,

Eis chegada, na derradeira hora, tirana amante,

E te arranca das dores pela raiz, como uma ladra.

Desde cá já te miro, inevitável morada!

Passaporte de retorno à vida, das dores guarida.

Feito semente atirada ao chão, a ti não aspiro,

Em vão iludir, afirmar que te espero a chegada.

Seu legado, de foice na mão, registra a história.

A fama que atinge seu nome até a alma arrepia.

Como aos ventos mais fortes em fria estação

Sua indelével lembrança não quer a memória.

Será falso o registro de então, terá sido engano?

Se tua presença se sente no verde viçoso da flora?

Se nutres as vidas na fauna com outras que já não o são?

Se fosses derradeira senhora, não seria poetizar-te insano.

Se em ti se refaz a vida, não és dela senhora.

É do Amor o projeto supremo a ser compreendido

Renovação do criado, por Ele cuidado, em perpetua lida!

O fim aparente, é semente, é o novo agora!

Silente auscultando, em toda esférica vivenda,

A lógica incoerente, do crente, pra evitar seu encontro:

“não me escolhas se por ti não me ponho cantando”.

Incompreendida liberdade doa o Filho em oferenda!

Perpetua a missão que é tua, paradoxal barregã do novo.

Seu domínio já era, em ti é ressurreição que antevejo!

Abrir-nos o Reino, é permissão que a fé preceitua.

Dois mil anos já faz, és rainha vencida e sem povo.

Em 12/09/2008