A voz do mundo

A voz do mundo

é triste

da dor que existe

e resiste, contida

aprisionada

recolhida

no silencio da fala

de cada sopro de vida

de quem não tem

a dizer nada

a não ser:

- Ouça a solitária voz da minha alma.

A voz do mundo

é apressada

corre atrás do tempo

que aparentemente passa

e não percebe o momento

perdido

escondido

entre uma e outra cena

entre uma e outra palavra

e acena:

- Não posso ouvi-lo agora, ligue para mim noutra hora.

A voz do mundo

é doente

do corpo e da mente

que grita estridente

de doer o ouvido

de deixar comovido

o coração mais ausente.

Não conhece os caminhos da cura

e a procura de um milagre clama:

- Livra-me deste mal, tira-me desta cama.

A voz do mundo

é cega

ignora e nega

aquilo que não enxerga

tem olhos atentos para a mais densa matéria

e não pensa nas leis que regem a nossa existência

busca fora, a riqueza esquecida em sua essência

e não tem ciência do potencial Divino

adormecido em seu ser

e fala:

- Se existe outra vida quero vivê-la para crer!

A voz do mundo

é violenta

feita de gritos e gemidos

de gente que não mais agüenta

a dor de corações oprimidos

pela crueldade humana

pela guerra, diária e urbana

que mata e engana silenciosamente

e que de maneira insana

destrói a esperança ainda semente

e desconversa:

- isso não é comigo...quero ser seu amigo... (amigo ?)

A tristeza, a violência, a doença,

a cegueira e a pressa...

essa aflição que não cessa

desaparecerá ao longo do tempo

e seu lamento

não mais se ouvirá.

A voz do mundo seguirá

atravessando o grande funil

em seletiva transição

tal como nunca se viu

em dolorosa e necessária transformação...

Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 08/01/2009
Reeditado em 15/01/2009
Código do texto: T1373235
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