PONTES DE ESTRELAS
 
Essa tristeza que me domina
vem de longe, muito longe...
Talvez de outras vidas
que vivi e pela bondade divina, esqueci...
 
Ou do cansaço das viagens
tantas que percorri.
Dos tropeços nos caminhos
e do que lá deixei,
na poeira das trilhas
por onde andei.
 
Nas emoções errantes
das veredas sinuosas
do orgulho e da vaidade.
Ou... Por ter sido pedra fria,
despida de algesia
e vestida de egoísmo
percorrendo seus passos,
em falsetes...
 
Quem sabe, calei o coração
e dei voz livre à razão
ou não fui uma boa semente
e fui cega o suficiente
para o amor não avistar,
não dando asas aos sonhos,
para a alma os decifrar.
 
A falta de discernimento
fez de mim um poema cego,
que numa existência sem nexo,
busca o próprio eco
em versos inversos...
 
Essa tristeza que me domina
vem de longe, muito longe...
Não as posso evitar...
Mas hoje sei,
que outra existência há...
 
Quando novamente me ausentar,
despida da matéria finita,
escalarei a ponte de estrelas
que se estende pelo ar...
 
Talvez para alguns
eu seja incoerente,
mas por esses degraus
luminescentes,
qual ser iluminado,
consciente e humanizado
um dia irei retornar...


16/06/2005
 
 
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 06/09/2006
Reeditado em 28/10/2009
Código do texto: T233717