O Pobre Suicida

O sangue na taça:

Vermelho ou rubro ou vinho...

Pernas sobre o pufe... Ameaça

Ao vagabundo e ao ninho...

Túmulo e taça de cristal

Alma escravizada no inferno astral.

Morre-se de uma só vez

Tez ferida por espinhos

Cruz, encruzilhada, malvadez...

Ferida profunda no peito, moinho

Que remove passados tristes

Que deixam resíduos e chiliques.

Um corvo que se lança ao espaço

Desesperado e agonizante...

Sua rebeldia, agora, calma, é um traço

Do que foi enquanto jovem, infante...

Agora, morre uma morte calculada

Pois, se não fosse a vida, não seria nada...

Um carvalho na mão o sustenta

Passos trôpegos conduzem-no ao inferno

Inverno em uma vida purulenta

Nojenta; composto químico no caderno

Fórmula decomposta da vida

Sofreu, sofreu o pobre suicida...

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 22/12/2010
Reeditado em 10/09/2018
Código do texto: T2686664
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