Um Casulo...
Um casulo... Algo feio que por magia se sustenta...
Caverna hedionda de uma lagarta ainda mais feia...
Eis aí a beleza com que a Natureza, a tudo atenta,
Castra a ilusão da tormenta que contra tudo atenta...
É na magia da beleza oculta que as estrelas cintilam...
É na poesia da vileza que insulta, que venenos destilam
A verdade que embriaga, na descoberta de que a beleza
Advém sempre da fealdade de nossa incompreensão...
O brilho das estrelas... Centelhas que já não vivem...
Apreciamo-lhes a beleza de outrora, esquecida, aquecida
À ilusão de que temos um céu a nos proteger...
O casulo de nossa alma... Nossa lagarta tristonha
Que se arrasta, medonha, ousando posar de flor,
Tristonha, medonha, que ainda assim, jaz e sonha...