AO LARGO DA VIDA

Pode o ser pousar ao largo da vida

e deixar a proa

apoiada

na ponta da soleira do abismo,

correndo, assim,

o risco de perpetuar a

síncope,

em substituição

fortuita

ao equilíbrio.

Não ouso colocar

nem a ponta do dedo

neste delicado fuso suspenso,

pois pode até o tremor

ser gatilho

ou mola

e, sem aviso,

colocar a engrenagem

de novo

em funcionamento.

Conter

implica

em fazer parar

e, deste modo,

reviver,

porém

sob estática ótica,

a qual

só a poesia

se permite

e, mesmo assim,

por falta de competência

de quem

a escreve

ou, talvez,

por sua mera

conveniência.