HÁ DE VIR IMPUNEMENTE A ESTAÇÃO
Herdei a querência do abraço
Os laços do povo do além-mar
E aceitei a noite no meu olhar.
Mergulhei ainda no misterioso
Canto da concha no meu ouvido
E sobrepus a memória ao olvido.
É meu verso servo do silêncio
De quietudes e inquietudes com Deus
De falsos acordes e ritmos ateus.
Sou desses mares milenares
Cruzados com a pura emoção
Da viagem de cura e libertação.
Há de vir impunemente a estação
Derradeira do humano tristonho
Diante do meu inesperado Sonho.
E pela natureza que me habita
Entre silvos e aflatos certa magia
Há de revelar-me a sua poesia.
© Jean-Pierre Barakat, 19.11.2006