A IRONIA DO SABER
Saber da matemática por saber,
Se o resultado não importa,
Saber dos grunhidos por saber,
Se sua ausência conforta,
Saber da onda brava por saber,
Se apraz a calma.
Saber da vida, guardiã da alma
Da morte, crepúsculo da vida
Da chuva, que seduz e cativa
Da mão, o que guarda a palma.
Saber o que releva, o que justifica, o que abona, o que motiva
Saber o que pune, saber do pecado e do castigo
Saber da impermanência, da convicção, do perigo
Do corte, da sorte, da traição, do amigo
De toda fala, de toda vista, de todo tato, de todo ouvido.
Da mentira, do acidente, da falta de sentido.
Saber do prazer, saber do saber, sem julgo ou pena
Saber da Ilusão, do protagonista, da cena.
Dos sonhos cinza, da tempestade, do abrigo.
Saber da ponte, do remanso, do espinho, da idade
Quem sabe, um dia talvez...saber a verdade.