A ENERGIA DO AMOR

Ao poeta Antonio Napoli

O homem passava ao largo

quando a plantação de aspargo

atingia a floração

e o viajante cansado

sentou-se um pouco de lado

na sela do alazão.

Muitos campos percorreu

sem dar conta que cresceu

da barba ruiva, o cabelo.

É que o nosso viajor

andava atrás do amor

e esqueceu-se do zêlo...

Como era longa a viagem

Até faltou-lhe coragem

e meios de prosseguir;

trabalhou em alguns lugares:

Fazendas, sítios, pomares,

sempre em busca do porvir...

Fugia das veleidades

que encontrava nas cidades

pois era um homem de fibra.

E os seus caracteres

atraiam mil mulheres

cujo coração não vibra...

O tempo assim, foi passando

e o viajor delirando

viu o seu amor passar

quando chegara ao seu porto

já bem velho, quase morto

e sem poder cavalgar...

Misteriosa energia

trouxe-lhe toda a alegria

que há muito fora embora

e o velho virou moço,

endureceu o pescoço,

cavalgando como outrora...

Numa linda carruagem

como uma bela miragem

passara o amor a sorrir

no coração da donzela

dentre todas, a mais bela

que vivera a perseguir...

Valeram à pena os anos,

as tristezas, desenganos,

que ficaram para trás

pois o amor da sua vida

cicatrizou-lhe a ferida

valorizando demais

toda a luta que manteve,

as lágrimas que conteve,

tudo isso não foi vão

pois que, voltando a sonhar,

encontrou sob o luar

sua grande inspiração...

Alguns anos se passaram...

os dois amantes casaram

e vivem muito felizes.

Tiveram filhos e netos

muito amorosos, discretos,

conforme as sua raízes...

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 03/07/2005
Reeditado em 11/05/2006
Código do texto: T30774
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