O menino e o velho

O menino caminhou ao deserto

em busca da paz;

não tinha rumo certo,

até então encontrar um velho sagaz.

Que do poço lhe ofereceu a água,

que da água ofereceu a esperança:

pra curar as suas mágoas,

e torná-lo uma eterna criança.

Ainda em um tom apertinente

tirou seu chapéu,

perguntou-lhe humildemente

em que direção ficava o céu:

“O caminho é o ativismo

ou a passividade da oração;

ou são um mesmo mecanismo

em uma mesma direção?”

O menino olhou o itinerário

e não obteve a resposta.

O céu pra ele era um cenário

E indignado lhe deu as costas.

O velho então berrou:

“Menino o que pensas encontrar?

O vento sopra para onde vou,

se tu caminhas, aonde vais chegar?

Olha pra ti próprio

O reflexo do teu eu,

enxergarás o teu opróbrio

e tua condição de plebeu.

O céu é um estado espiritual

e só o amor poderá te eternizar.

O Eterno nos deixou este único sinal

não há caminho e nem lugar.”

O menino então compreendeu

que o céu estava no seu interior,

ali habita Deus

num compromisso de amor.

O menino deste poço a água bebeu.

Eterna criança, ele se tornou.

O seu espírito rejuvenesceu.

Ao aceitar o velho, a paz encontrou.

Gilberto Ângelo Begiato
Enviado por Gilberto Ângelo Begiato em 31/08/2011
Reeditado em 31/08/2011
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