UM BREVE MOMENTO

Às vezes eu penso que se a vida fosse completamente doce,
Seriam acometidos de morte súbita todos os poetas,
Que anseiam e necessitam
Das dores,
Das tristezas
E das saudades
Para devotarem a musa amada
O mais puro sentimento desnudo na’lma.
Rasgo-me de minhas velhas vestes
Para revestir-me de humildade e compaixão!
Desencanta dos rostos famintos
Para o eterno leito da morte
O sortilégio dos que desencarnam.
Sorri por entre as frestas
Aquele que serve sem temor
E sem esperar retribuição...
Saúda sem ente feliz
Espreitando por entre as sombras
Ofuscado pela luz que emana do ingrato.
Fala bem
Aquele que engana o seu próprio coração,
Caçoando de sua própria inteligência
Em sua forma nobre de luxuria.
Vende sua alma
Aquele que por corromper com suas atitudes
O doce e inocente sorriso da criança!
Perde-se em crenças aquele em que nada crê!
E jura fé
Junto ao pé da cruz que não compreende.
Ganham-se verbos,
Aquele que blasfema injuria ao próximo
Para esquivar-se de seus piores defeitos e erros.
Aclama perdão,
Aquele que não perdoa,
Julgando-se apto a recorrer da bondade alheia
Para intervir junto Aquele que vê sua maldade intensa.
E grita num mundo surdo
“acordai, olhai, ouvi”...
E ouve-se num mundo morto
“acordai, olhai, ouvi”...
Mas ninguém “acordou, nem olhou e nem ouviu”!
E todos viveram inertes para sempre.
E você, também???
Sandra Araujo
Enviado por Sandra Araujo em 20/12/2006
Reeditado em 10/01/2007
Código do texto: T323063
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