MILAGRES EXISTEM

MILAGRES EXISTEM

AYRES KOERIG

Numa trincheira, abrigo individual,

Uma granada, vinda não sei donde,

Explode junto a alguém que ali se esconde:

Foi na primeira Guerra Universal!

Sentindo-se ferido mortalmente,

Ciente estava ter chegado o fim...

Criou coragem, força e sendo assim,

Grande desejo veio à sua mente,

De comungar mais uma vez na vida;

Esta hóstia branca que é Cristo Jesus...

Nos transes dolorosos de sua cruz,

Assim rezou à Virgem Mãe querida:

-- Nossa Senhora, Virgem Mãe das Dores,

Fazei que eu inda possa comungar

Teu filho consagrado sobre o altar...

Não me deixes morrer com dissabores...

Neste pedido assim meio bucólico

No momento de dor (luta renhida),

Queria estar bem perto ao Rei da Vida,

Ele que sempre fora um bom católico!

Chegada a noite já sem ter resposta,

Este soldado se contorce e geme...

Porém Jesus não se descuida ao leme

Do pecador, que sempre tanto gosta!

Perante a morte que se aproximava,

Co’as vísceras de fora inda gemia...

Se retorcendo em vascas da agonia,

O nosso herói ainda agonizava...

O capelão que se acordara cedo,

Tendo seu breviário à mão rezando,

Neste dado momento quedo quando,

Ouviu gemidos, sem ficar com medo!

Prestando de onde vinham com atenção

E com cuidado, pois que noite inda era,

Evitando cair numa cratera,

Pra lá se dirigiu o capelão.

Sem muito esforço é que encontrou assim

O abrigo onde se achava o moribundo

Desceu lá em baixo pois não era fundo,

Pegou-lhe ao colo e o levou por fim

Ao hospital que havia de emergência,

Construído nos moldes mais precários,

Para os cuidados que eram necessários,

Com um doutor de muita competência.

Depois de grande e larga intervenção,

O médico de lá se retirou...

E o cura, ao leito então se aproximou,

E ouviu o moribundo em confissão.

E as pressas ele foi para a capela,

Passando por entre um fogo cruzado,

Trouxe de lá Jesus Sacramentado:

Numa das mãos a hóstia, noutra a vela

Retornou desta forma ao hospital,

Depois duma tão grande correria,

Ofereceu-lhe a Santa Eucaristia,

Saciou-lhe de Pão Celestial.

Algum tempo depois o bom soldado,

Tendo já no seu peito o Amor que abrasa,

Em pouco voltou para sua casa,

Com todo seu vigor recuperado!

Cristo na Eucaristia está presente:

Foi Ele quem falou, não há quem negue...

Pois quando quer, tudo isso a nós consegue,

Basta um arrependimento, tão somente

Das coisas que fizemos por maldade...

E se louvar de um modo bem contrito

A Deus, vai ficar tudo mais bonito,

O passo que se dá pra eternidade,

Não se fazendo só o que nos convém,

Também sem nos queixar com nossa cruz...

Pra se obter do nosso Bom Jesus,

Felicidades para sempre: AMÉM!

Ayres Koerig
Enviado por Ayres Koerig em 21/04/2012
Reeditado em 21/04/2012
Código do texto: T3624800
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