Devagar eu vou mudando (Para meu amigo Mauro Marques)
Vou, devagar, mudando.
Tirando o que não presta.
Vou me conhecendo,
lentamente vencendo,
aparando arestas.
Quero ser bem melhor
do que antes fui
e vou limpando o ar,
meu coração, meu lar
das coisas que polui.
A duras penas
obra pequena se constrói.
Vencer, amigo, é preciso.
Crescer, amigo, dói.
Mas como não
queimar no fogo dessa chama?
Porque livrar-se do inútil
do que aprisiona, do que é fútil,
põe-nos a prova
e nos descama.