SATANÁS
Criminoso dos criminosos, o mais traiçoeiro, perigoso, sagaz...
É chegado o limiar do Amor, véspera da tua desgraça, Satanás!
Tu que, desde a epigênese da gestação universal
És vil, hás de provar da tua cicuta, do teu próprio mal.
Mentor dos crimes mais hediondos, desprezas o sacrifício da dor,
Não te compadeceste assistindo ao martírio do Cristo Redentor,
Antes ergueste a cruz sombria da impiedade
Em que pregas, com alegria, toda a Humanidade.
Aos risos, da Geena assistes ao enterro das vítimas da guerra
Nas frias sepulturas que os homens cavam na crosta da Terra,
Está escrito que eles não sabem o que fazem, não têm consciência,
Mas tu sabes, homicida, como perverter as descobertas da Ciência.
Na tua revolta não poupas sequer os homens sofredores,
Mas com a borracha nefasta dos sentimentos mais aterradores
Apagas nos seus corações toda a florescência das suas vidas,
E friamente conduzes suas almas ao tenebroso Vale dos Suicidas.
Mas deixa estar porque se aproxima tua vez, Príncipe das Trevas,
De implorares pela misericórdia que hoje, aos brados, negas
Sinistramente à multidão de pecadores que seguem tua sina,
Porque se tua maldade é grande, infinita é a bondade divina!