Além da vida

Rio,13/10/12

Acordei e caminhei na escuridão.

Não havia pai, nem mãe menos ainda os irmãos.

Quanto mais andava, mais sofria o calor do chão aquecido.

Cadê a beleza das árvores e a cor das flores?

O cheiro insuportável e vi pessoas, que alívio.

Vi pessoas horrorosas e sofridas piores que eu.

Me arrastavam para uma gigantesca gruta profundeza,

Que não tinha fim e gritava em meu desespero.

Eram conhecidos meus que já haviam desencarnado.

Sedentos de ódio e repulsa porque havia ficado.

E tive a chance de receber tudo de bom agrado.

Mas, havia permitido chegar ali misturado aos restos isolados.

Arrancavam meus cabelos e me chutavam.

Sentia prender meus dedos e serem tirados,

Que lugar horrível era aquele em que estava?

Por que havia merecido aquele lugar assombrado?

Ao longe reconheci a voz que me chamava.

Pouco a pouco me desprendi sentindo dores abdominais.

Suava, sangrava e sentia o peso das pernas inchadas,

Havia escapado do emaranhado de gente sanguessugada.

Quem me dava a mão era minha avó bastante debilitada.

Sofrida por me ver tão desleixada me trouxe na claridade.

Me convidou para a reunião de sua família evangelizada.

Orações em nome de um Jesus santificado.

Fiquei chocada com tantos gritos e palavras.

Cheguei a ver a razão de minha estadia naquele lugar.

Havia cometido um atentado contra minha própria existência.

Como assim se não me lembrava de ter me suicidado?

Os auxiliares de Cristo me informaram que eu era dominada.

Dominada pelos espíritos do diabo que me infernizavam.

E por conta disso eu havia me entregue ao cigarro.

Que eu aceitasse jesus e ficaria curada.

Pensei bem em tudo que observava.

Aquele mundo de grito e cantoria enjoada.

Aquela gente vestida de forma horrorizada.

Preferi voltar para o inferno em que estava.

Dame

madre
Enviado por madre em 12/10/2012
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