Apocalipse

Nos trevosos dedos magros

repousam os nós,

rangem as unhas,

rasgam as peles,

estalam as cartilagens,

ao som do riso infernal

do prazer da carne

do sabor requintado

(e profano)

da vingança.

Quem é esta prostituta

nua

sobre o cavalo negro?

Ri-se a vingança,

rouba a Paz, bebe sangue,

escraviza.

(escraviza quem?)

Arranca os olhos apocalípticos

e deita com a prostituta.

Ímpio, onde está tua Patmos?

Onde anda tua rocha?

(não há Patmos, nem rocha)

Então segura.

Corre e segura

firme

a mão

a trevosa magra mão

com seus nós

com suas podridões

que penetram a carne

e a devoram

e a possuem

e a escravizam.

Sente as unhas

e o estalo das cartilagens

que a prostituta traz entre as pernas!

É o teu fim.

Vai só até aí.

E basta.

Porque os ais deste mundo

são todos teus.

- Boa diversão com eles!

Maldito o que conhece a

Palavra

e que dela se aparta.