Morri.
Estou gélido
Sério, como nunca fui.
Elegante, com essa gravata apertada
Parecendo ofegante, mas não posso transpirar.
Perecendo em instantes, a cada olhar
Estou morto
Parado, tenho o passado a meu favor
Por favor , não lembrem os defeitos
Eles foram feitos para os vivos
Agora morri, ganhei qualidades!
A viúva chora, pelo menos por hoje
Os credores hão de chorar mais tempo.
Estou só, nasci só.
Ainda não sei para onde irei
Tenho medo de saber por enquanto.
Agora estou apenas aqui, defunto
Até que com bom aspecto.
Morte natural tem esse diferencial.
Morri sem editar meu melhor livro
Agora só as edições póstumas
Essas todos acham ótimas...

Poeta (27-03-1960 a 11-11-1111) 
José Benício
Enviado por José Benício em 31/03/2013
Reeditado em 01/04/2013
Código do texto: T4216957
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