O DIREITO À VIDA - II

O ABORTO

(À Amiga Célia)

Enquanto o pobre feto debatia

E a bolsa d’água, por Deus, não rompia

O escroque caminhava de arma em punho:

Jaleco branco representa a paz

Os malditos enchiam coliseu

Cristãos e feras, mas o povo hebreu

Soluçava e sorria a lá Caifaz!

O feto não vivia em nosso mundo

Por interesses não, jamais podia.

Unicamente para a covardia

De uma agulhada com veneno imundo

E aos pedaços depois — musse de amora —

Sofrer o desprezível bota-fora

Num sanitário de cambrone fundo.

Será que o escroque recebeu reais?

Afinal nem barulho o feto faz

A agulhada do escroque satanás

Impede-o de viver um pouco mais.

Despedaçado, aos poucos vai saindo

E, Ó Deus! Há gentalha que está rindo

E um ser humano não existe mais!

Senhores, este é o aborto que a lei quer?

Que lei? De Deus? Dos homens? lei de quem?

Esta é a lei do salvar-se quem puder?

Lei que todos só falam, mas ninguém

Descarta o mal e só discutem bem

Dos interesses de homem, da mulher!

E enquanto isso os gendarmes CONTRA A VIDA,

Às escondidas vão matando em vão.

Mas... amanhã, a prova já vencida

Eles hão de ter triste escuridão

Entre cobras na dor mais dolorida,

soluçando a existência já perdida

Com a morte do feto e a perdição.

Então nada mais importa.

O feto é já coisa morta!

Lucan
Enviado por Lucan em 18/04/2007
Reeditado em 18/04/2007
Código do texto: T454795