Airumã
Abandono essa crisálida de carne e matéria,
Fujo do exílio na diáspora das consciências,
Banho-te de cuaracy na luz etérea da noite.
Abro essa mordaça,
Rasgo a couraça,
Quebro o concreto.
Bebo o medo com água doce de Iara,
Cuido como Osún,
Vivo como Oxóssi.
Carrego nas mãos as folhas de Ossain,
Grito com os caboclos da terra,
Tenho sede de jurema,
Liberto os raios de Tupã.
Sinto o povo do mar,
Abraço com todos ancestrais,
Tenho fome de essência.
Arranco os espinhos da garganta,
Entorno o próprio mel da vida no que chama corpo,
Derramo o fel da alma para inundar os corações.
Beijo com lábios inundados de jacy,
Respiro com o pulmão vazio do horizonte,
Acaricio, acaricio e acaricio.