Rio das Almas

A fé move montanhas

Disso eu tenho certeza.

Mas isso vai depender

De quanto tens dela

Em suas entranhas.

O cristal é translucido, brilha acalma.

Assim se parece, o que trabalha no bem, sua alma:

Radiante, ofuscante deixa os cinzentos

Mais belos em seus semblantes.

Terrível taça enferrujada

Que nada contém.

Com seu amargor suicida

Nem mesmo o vinho da vida tu obtém.

O orbe terrestre está cheio e transbordante

De almas aflitas e errantes.

Rumo ao fim que lhes é digno,

Devido aos caminhos seguidos,

Nos quais as leis divinas não foram fidedignos.

O rio das almas é corrente e está lotado,

Mas somente sai dele

Quem quer ser resgatado.

É um incessante afogamento

Que vejo constantemente,

Fruto amargo para os que

Presos estão pela mente.

Pesco somente aquele que acende sua luz

A isso meu trabalho se reduz.

Correndo junto a ele pela margem

Minha isca para a salvação o conduz.

Liberto agora do turbulento pensamento algoz

À cura necessária, será levado por nós.