OS AVIÕES E OS FANTASMAS DO PASSADO
Lailton Araújo
A névoa que cobre a madrugada abafa os sons de aviões
Soldados, cabos e oficiais comandam mais um batalhão
Uniformes azuis contracenam com mulheres apaixonadas
Homens desarmados, aviões lubrificados, casais amando
Parecem preparados para uma guerra - não convencional
É a batalha da solidariedade: balas de groselha e hortelã
Bombardeios na ambição, ciúme e opressão: sem o ódio
Inimigos à vista! Jatos não decolam e nem miram os alvos
Abraços na despedida com balas de festins que explodem
Luzes no céu anunciam bodas de prata: renasceu alguém
É o mistério do céu na alma eterna - viva o espírito de luz
A roupa é branca ou azul, qualquer nome: talvez Carmem
Com ou sem cor. Ana, Amanda: seguindo a nobre missão
Esquecendo traumas passados ou acidentes analisados
São filhos, pais e mães que não conseguem a explicação
Dos sonhos desfeitos. Nas lágrimas marcadas na partida
Renascimento, passado, presente, futuro: novas viagens
Quem ficou, chora, lamenta. Muitas vezes culpa o criador
As criaturas desconhecem segredos tão bem guardados
O espírito maior é sábio e controla leis da reencarnação
Pássaros cantam ao nascer do sol. É a novíssima batalha
Quem já foi, aparece na névoa da madrugada. Manda luz
Espelhe-se nos ipês, laranjeiras e mangueiras do quintal
Sempre frutificando. Chore lágrimas por si. Não por mim