No ar derrapante do tempo

Ah, esse barco longe

Que não é meu

Esse vento que te sopra

Sopro meu que não é

Este poema sem rima

É a disritmia do meu coração

Uma breve oração sem santo

E sem pedido de perdão

Ah, essa pipa dançante

No ar derrapante do tempo

Um vacilo no ar

Sou menino tentando manejar

A sobra das horas

Que ainda me restam pra viver

Pra quê tantos olhos

Se com eles fechados

É possível enxergar o clarão necessário

Que ilumina os caminhos tortos

Do meu coração

Ah, minha flor

Desculpe-me o tormento

Preciso nascer

Preciso me acrescentar neste mundo

Ausentar-me da lua

E bater na sua janela em plena madrugada

Acordar-te com meu violão

E desassossegar a vizinhança

Ah, se fosse eu o dono de mim

Mas deveria

Não sei quando me perdi

Ou pra quem me vendi

E se estou à revenda em alguma venda

...Só se encontra o que se perde

E o impreciso é preciso

Pra poder na corda do mundo equilibrar

Diante a platéia atenta

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 02/05/2015
Reeditado em 02/05/2015
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