QUANDO SEREI

Quando não mais houver muletas,

Não mais houver apoios,

Nenhum sonho a mais.

Quando não mais houver projetos,

Não mais houver tarefas,

Nem compromissos mais.

Quando nenhuma relação

Desancorar o coração.

Nem filho ou pai.

Não mais irmão, marido, amigo.

Quando não mais razões tiver.

Pra cuidar da vida,

E prover da lida,

Pra fartar a mente

E o desejo ardente.

Pra sentir e ter,

E esperar...

Quando não mais divisa,

Sectário,

Partidário,

Prosélito.

Quando não mais guru,

Não mais seguidor.

Quando eu não mais der importância.

Aí terei o Sol,

Terei o Vento,

A Flor

E Chuva.

Serei coração,

Serei serviço,

Serei rocha

E brisa.

Serei palavra

E senda,

Serei espírito

E santo.

Aí, serei.

(Brasília, 29 de abril de 2016)