ROCHA ETERNA
Logo que a vitória comecei a cantar,
O meu navio se quebrou
— Terrível castigo —
Na luta contra o temível Inimigo,
E o meu tesouro mais caro afundou
Até o soalho abissal do mar.
O tesouro que eu guardava
— A força da autoestima —
E que eu julgava deveras protegido,
Não suportou a fúria das feras tormentas
Que o Inimigo, em horas secretas, preparava
De forma tão vorazmente felina,
Com artimanhas impiedosamente violentas,
Para me ver, por inteiro,
Desanimado e vencido.
Mas o que o Inimigo não sabia
É que o amor, quando verdadeiro,
É uma rocha que dura eternamente,
Nos momentos de dor e de alegria,
Porque um dia é para prantear,
Enquanto o outro é para festejar.
Nesse vaivém de dias luzidios
E de dias sombrios,
A canção vitoriosa veio à minha alma novamente.
Todos os meus enlevos submersos emergiram
Da escuridão abismal do vasto oceano,
E as tormentas furiosas que tanto me afligiram
Não suportaram a força do amor com que me amo.