O LIVRO DA VIDA

Eu me chamo Lineu,

E venho de outras eras.

Depois de passar por muitas primaveras,

Trago no corpo astral que à morte sobreviveu

As marcas seculares tecidas pelo tempo,

E nos cadernos empilhados no coração

As poesias escritas pelo sentimento.

Já não pertenço a este mundo feito de ilusão,

Ao encontro eu fui do primitivo lar;

Lá não existe pertencimento,

A liberdade está no infindável cavalgar

Das horas, na essência do momento.

Quando por este mundo de enganos passei,

Escravizado eu vivi pelo poderoso cifrão ($),

Mas esta convenção social não pôde comprar

O manancial de liberdade que sempre desejei.

No livro da vida, eu escrevi tristonho

O epílogo da minha curta existência carnal;

No livro da eternidade, eu escrevo risonho

Uma longa história que não tem final.

Aqui não preciso falar,

O pensamento é a minha fala,

E tudo em mim agora declara

O quanto amo me amar.

Não carrego moedas na carteira

— O Universo é a minha feira —

Toda a riqueza que trago comigo

É a doce saudade dos amigos

Que nesta triste masmorra deixei

Quando dela alegre me livrei.

E se outras verdades jazem

No eterno livro da vida,

Que me digam

E me falem

As estrelas que cintilam

Nas imensidades infinitas.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 02/07/2017
Reeditado em 29/09/2017
Código do texto: T6043796
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.