O Senhor dos nove ramos

Tu, os raminhos, nove | em número, chacoalha

Em nove fragmentos | desmembras o inimigo

Entoas o encantamento | e todo mau espírito,

Não importa se são três | ou trinta, eles fogem.

Osso por osso e | sangue por sangue

Do cavalo ferido, | tu, Andarilho, vens consertar.

Tuas sábias palavras | tu soltas e as grava

E com o corredor curado | carregas os mortos.

Na árvore pendestes, | a porta dos mundos,

E assim é rezado | que o Cinzento Velho

Tomilho e erva-doce | deu a nós todos

Contra o vil veneno | e cabo dar com a dor.

Wóden, rei ancestral, | que trazes junto de ti lança,

Tu, viajante liminar, | arranjado entre estranhos,

Apostas muitas ganhou, | barganhando com gigantes,

Trazedor de vitória, | d'A Que Tece és o esposo.

Deixastes pra trás um olho | achando o conhecimento

Assassino da besta primordial | e odiado pelos corruptores

Sob a sombra de teu chapéu | sabes que carregas

Mais que mægen descomunal: | manobras tu o destino!

*Obs: a interpretação de Wóden aqui é feita principalmente sobre as ideias do Nine Herbs Charm e dos Merseburger Zaubersprüche. Nas Eddas Óðinn pendura-se e descobre as runas; no encantamento do Lacnunga ele descobre "fille" e "finule" (tomilho e erva-doce), duas ervas, o que casa com a ideia de um Wóden pré-literário, popular, benzedeiro (leechdoctor), em oposição ao Óðinn mais culto pintado por Sturluson, que descobre as runas no Hávamál islandês. Aqui ele é tratado principalmente como benzedor-psicopompo; creio inclusive que esse papel encaixa-se bem com uma visão de mundo mais simplista de paganismo, em oposição a um paganismo mais urbanizado.