VIII - Sitra Ahra - Ethos de uma Alma Invertida

Eu vi, ao pé da Árvore,

O Cordeiro e o Bode

Digladiando-se ferozmente.

A Árvore estremeceu e uma

Maçã em minha mão desceu.

O Cordeiro chorou e o

Bode, velhaco, escarneceu.

"O problema aqui sou eu?"

Mordi a maçã e o céu fendeu.

Vi a espada flamejante de

Serafim queimar o véu

E o mundo esvaneceu.

A realidade sobre mim se abateu.

Fome, guerra, peste, perversão.

Com sofreguidão, interpelei:

- Oh, Cruz, o que aconteceu?

- Amado filho, você me

Desobedeceu e o véu se rompeu.

Estás, miserável, fadado a caminhar

Ciente e envergonhado de que

Seu misericordioso pai

Foi, por ti, apunhalado.

Conheci a noite do Éden

E nele vi a volúpia do

Festim da carne, donde

Refestelavam-se anjos e homens.

No seio de Astuta Mulher

Me aninhei e de seus

Segredos, amor e ira compartilhei.

Hoje o Éden está perdido,

O Grande Pai ofendido,

Um ganancioso Inimigo iludido

E a humanidade, nesta

Guerrinha infantil, a esmo,

Segue o seu tortuoso caminho.