Cemitério

Hoje, saí em busca de algumas respostas,
que dentro de mim não as encontrei.
Após longa e cansativa caminhada,
adentrei a um cemitério e procurei:

Procurei minha perdida paz interior,
Pois, carrego comigo confusos conflitos.
Encontrei o som do silêncio exterior,
Na solidão de corpos em decomposição.

Andei por jardins de flores vivas e flores mortas;
Li sobrenomes famosos em jazigos suntuosos;
Vi alas nobres separadas das alas pobres.
Senti-me um Ser vivo rodeado de tantos mortos.

Lancei perguntas ao vento.
Indaguei tantas coisas...
E a brisa fria me dizia para ter calma,
que ali seriam desvendados os segredos da alma.

Caminhei por estreitas ruas - vielas,
por túmulos desiguais...
Vi a humildade e a vaidade, lado a lado,
de mãos dadas, porém, duas rivais.

Lembrei-me das palavras do velho poeta:
“Quem não se iguala na Vida, se iguala na Morte”.
E segui tropeçando em tocos de velas brancas
E cacos de imagens de gesso multicores.

Vislumbro uma pequenina flor que insiste em nascer.
Irrompeu pela trinca do concreto e mostrou sua singela beleza.
Resistindo às intempéries do Tempo, a trôpegos pés
e às hábeis mãos do homem que cuida da limpeza.

Sigo a esmo, por frondosas árvores frutíferas e floridos ipês.
Ainda sem encontrar minhas respostas, paro sob uma sombra fresca.
Pássaros insistem em quebrar o silêncio, trinando canções fúnebres.
Continuo perdido em pensamentos...

Sento-me num velho e empoeirado banco de cimento.
Penso na Vida, penso na Morte: filhas do mesmo Pai.
Penso no momento presente, que é o Meio, pois:
A Vida é o Princípio e a Morte é o Fim.

De repente sinto-me leve, tão leve...
Então, saio do cemitério aliviado.
Ali compreendi o significado,
Do meu ‘eu’ a longo tempo aprisionado.

Ali entendi que a Morte é o ponto de partida,
para uma nova e redentora Vida, pois,
o Espírito...Ah, este é eterno!
Habitará novos corpos, na sua jornada incontida.

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