A jovem mãe

Era uma jovem mãe que vivia quase só

em sua choupana que sugeria dó.

Com paciência quase de Jó

criava seu filho e cuidava da avó.

A vida não lhe sorria, lhe ria,

e a fome que não merecia,

só vencia

porque alguém sempre lhe valia.

Era assim que a jovem vivia.

Vivia?

Pai, não sabia se ainda tinha.

Mãe, só quando dela precisava, vinha.

Mesmo pouco sendo e tendo,

sentia-se rainha.

A comida, escassa, esbelta lhe mantinha

e seu semblante lembrava uma santinha.

Ao receber, na choupana, um ancião

que pedia comida, ou migalhas de pão,

tirou o que tinha e com devoção

entregou seu bocado para aquele irmão.

A jovem era assim, de bom coração.

Sonhava até com uma vida decente

e seus planos e tesouro guardava na mente.

Triste, pensava:

- Meu Deus será que sou gente?

Segurando seus trapos seguia em frente,

às vezes, parecendo um tanto demente...

O pequeno no colo e a avó amparando,

estando cansada seguia arrastando.

Descansando estando,

continuava trabalhando.

Em outros momentos se via rezando.

Seus dois tesouros zelava amando.

O filho crescia e em seu colo pesava,

a avó já não ouvia e também não enxergava.

Sua sina cumpria e, por vezes, lembrava

da força que vinha e que lhe amparava.

Em seus sonhos uma Luz

Explicava-lhe sua cruz:

- Alguém que hoje você bem conduz,

amanhã, sorrindo-lhe, vem e lhe reluz.