Alma Miúda

Alma miúda, aonde vai a tua luz?

Não mais careces de repentino lume?

O que lhe falta como combustível?

Põe o teu verde na relva, tenho saudades!

O azul derrame ali no céu, deixes que escorra.

Nuvens espessas são cisalhadas pelos teus gumes afiados quando queres.

Por que te avergonhas, a cara escondida em toca negra?

Emoldures em fulgor o corpo que animas!

Dês ignição ao resplendor de uma aura!

Vindico-te a dádiva do Divino: fostes nascida para criar!

Às vezes, alma miúda, te mostras grande.

Grande mentira aprendera teu corpo primitivo!

Mais verdade é: às vezes, alma graúda, te mostras miúda.

Assim falou um copo de vidro num dia, trincado.