Entrelace de vidas

Menina cor da graúna

Em teus olhos pretos

De suave magia

Se esconde um griot

Repleto de histórias a contar.

Histórias não só tuas,

Mais de muitas outras mulheres

Que teu corpo vem representar.

Assim és tú:

Uma encruzilhada de narrativas,

Todas elas entrelaçadas,

Histórias que se fundem e se confundem;

De vozes femininas

Que não só vieram antes de você:

Essas mulheres vivem em você!

Doce rainha de Ébano,

Encruzilhada de vidas,

Tantas foram as senhoras

Que a fizeram chegar aqui.

És fruto de um povo escravizado,

Despatriado, encarcerado

E até hoje pelo racismo desrespeitado

Mas resiliente e lutador.

Tua nação não se deixou apagar,

Pelo sincretismo, conseguiu a religião preservar

Povo que apesar de passar

Por tanto horror,

O peito transborda em esperança e amor.

Povo que cada indivíduo

Carrega em si um coletivo:

"Eu sou porque nós somos"

Menina-mulher, sei que já entendeu.

Ao descobrir que

"quem se é" e "quem se foi"

São frutos de "quem vive" em você.

Doce céu em noite estrelada,

Traz em si beleza e mistério

De uma vida agora encontrada,

Certa de que é mais que mulher

És um templo sagrado

Onde a ancestralidade faz morada.

Mari Velasco
Enviado por Mari Velasco em 09/10/2022
Reeditado em 09/10/2022
Código do texto: T7623770
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