"Magdalena... - a mulher pecadora".

Hoje, na minha crassa labuta,

Quero, sim! - falar de prostituta,

Mas, sem pejo e reprovação.

Para tanto eu digo: - e é verdade,

Tomo o metrô de Deus, da eternidade,

Para a minha transposição.

Abandono o conforto do século vinte e um,

E, assim, apeio na Palestina comum,

Aos Fariseus e aos Romanos.

Essa viagem é intrínseca, sem escalas,

E, então, me encontro na célebre Magdala,

Ainda que eu não seja o decano.

Ali eu me sinto em estado laico,

Falando o latim e o aramaico,

Com toda a disposição.

As ruas multicores, poeirentas, estreitas,

Entre bancas de hortaliças, de frutas bem feitas ,

Onde transita a imensa população.

Há Sírios, há fenícios, há gregos, árabes e judeus,

Há egípcios, etíopes e há até os pigmeus,

Andando em franca peregrinação.

Magadan, Magdala, cidade judia tal qual,

Aquela mesma que árabes chamam El Majdal,

Mas, Midgal judeus a chamam então.

Aqui é que a Maria, por Deus, entra em cena,

E a Maria de Magdala, hoje, apenas Magdalena,

A ela eu faço alocução.

Pois é, na cidade que, ora, eu afago,

Onde uma ponte é contígua ao lago,

E onde Magdalena vive a ilusão.

Onde a menina, a mulher tão formosa,

A prostituta tão mal vista quanto fogosa,

Se abre embora, ainda, em botão.

E plantada em qualquer das esquinas,

Entrega-se por um corte de seda damasquina,

Sem ceriomõnia e sem senão.

Abre a cortina de conchas, inflama a centelha,

Os lábios, o corpo, a fenda crua da cor vermelha,

Mulher é da vida, um vulcão.

Magdalena em seu corpo de pele tão branca,

Qual um molusco de carne pérola, tão franca,

Ostenta tatuagens à mão.

Agulhas de fogo tatuam uma reles borboleta,

Entre os seios para lhe moldar a faceta,

Da mera transformação.

Ao abrir das pernas nos mostra a virilha,

E bem perto da fenda do amor, lá na trilha,

Se vê o dragão, sim ou não.

Ali, está Magadalena no inferno negro da vida,

Tal uma barata envernizada, asqueirosa, esbaforida,

Torpe, tonta a reviver ilusão.

Embriagada, provoca indignação ao aceno,

Os olhos melados pela lascivia e pelo veneno,

Mulher mercadante ora se não.

Assim ela pensa no dia-a-dia que ela mesma encena,

E em seu dar e receber entende Magdalena,

Eu sou o escarro da vida; ora senão.

YOSEPH YOMSHYSHY
Enviado por YOSEPH YOMSHYSHY em 14/12/2007
Código do texto: T777950
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